terça-feira, outubro 04, 2016

Sociedade civil diz que diálogo político apenas serve para acomodar anseios da Renamo

Num evento que juntou no mesmo painel o jornalista Salomão Moyana, a pesquisadora Fátima Mimbire e os economistas Roberto Tibana e João Mosca, a sociedade civil levantou a sua voz para contestar os moldes em que decorre o diálogo político entre o Governo e a Renamo visando restabelecer a paz. Considera que as conversações entre as equipas mandatadas por Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama têm o objectivo de acomodar os anseios da Renamo e não do povo.
Falando num encontro sobre a paz organizado pelo Parlamento Juvenil e várias organizações da sociedade civil, através do painel criado para monitorar o diálogo para paz, Salomão Moyana disse que não será a adopção de leis que vai acabar com a instabilidade político-militar no país, mas sim a mudança de comportamento. Para este jornalista, o país nunca teve um programa abrangente de reconciliação, facto que leva à actual situação política.
Por sua vez, a pesquisadora do Centro de Integridade Pública Fátima Mimbire diz que a legislação e a governação revelam ser este um país anormal. “O consenso que se vai encontrar no diálogo político não vai resolver em definitivo os problemas que nos colocaram nesta situação. Neste momento, o problema é o facto de a Renamo estar insatisfeita. Entretanto, temos milhões de moçambicanos também insatisfeitos. Como é que resolvemos os problemas destes?”, questionou Mimbire.
Já o economista João Mosca entende que independentemente do nome que se atribui à instabilidade militar, o país está em guerra. Diz, por outro lado, que os políticos lutam pelo poder para roubar e não para desenvolver Moçambique.
Outro economista que esteve no painel, Roberto Tibana, considera que o Governo se mostra preocupado em adoptar leis que vão fomentar ainda mais a guerra. Falando da proposta de lei aprovada, terça-feira passada, pelo Conselho de Ministros, Tibana diz ser inoportuna.
A sociedade civil ameaça parar o país, caso as crises político-militar e económica prevaleçam.

Fonte: O País – 04.10.2016

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